quinta-feira, 7 de abril de 2011

Essas tais divergências.

Tira a última peça, uma velha camisa de malha, entra e fecha as portas. A água escorre refrescando o corpo cansado de mais um dia de rotina. O aparelho de som toca improvisado no chão, ao lado das roupas sujas e desprezadas. Impaciente, abre o box para pular a música e o vento frio que entra pela janela contrasta com o corpo já aquecido pela ducha. Gotas caem do seu cabelo molhando o chão e, passada a faixa, arrepiada pelo frio, salta com rapidez para debaixo do chuveiro. Começou a ensaboar delicadamente a sua pele, fechou os olhos e imaginou suas mãos percorrendo o seu corpo. Estava insegura com a possibilidade de se apaixonar de novo. Estaria pronta? Talvez sim, partindo do pressuposto de que estava enfim livre do seu passado, sem nenhum vestígio de rancor. Talvez não, pelo seu passado ser um tanto quanto recente. Porém sentia sua alma inquieta, carente de qualquer sentimento que fosse. De todos, o apreço maior pela paixão. Entregar-se ou não. Seu cérebro oferece resistência. Em certos instantes, aceita feliz um papo e outro de vez em quando, alguns encontros esporádicos e uma enorme tensão sexual. Por outro lado, fica apreensiva sempre esperando a hora em que vai surtar e jogar tudo para o ar.
- Apenas relaxe - pensa.
Está despreocupada demais, mal consegue se reconhecer. Está gostando (muito), mas talvez tenha aprendido a lição e esteja vivendo "tudo o que há para viver", livre de pressões, brigas e lágrimas. Falando em lágrimas, ela não quer mais misturá-las à água que lava o seu rosto, como a que descia naquele momento. Terminado o ritual, ela pega a toalha e olha as horas: está atrasada. Sem se apressar, ela passa a mão no espelho para desembaçá-lo e vê sua imagem serena refletida.
Quer ela essa paz fria e conformista, ou prefere a vida agitada de um coração sempre acelerado?





continua...

2 comentários:

Anônimo disse...

Seu texto continua muito bom, meu peqeuno comentário é o seguinte:
"Normalmente o momento do banho é ótimo para reflexão. Não sei se por acharmos que aquela água que cai do chuveiro leva consigo as tristezas do passado. E com isso nos sentimos prontos para um novo começo. Nos sentimos renovados para ousar, para tentar novamente, para buscar a Felicidade..."

Ester Soares Formiga disse...

meus melhores momentos de reflexão são quando estou tomando banho! heheheh! inclusive, a idéia desse post surgiu durante um!